domingo, março 07, 2010

PORTUGAL MOÇAMBIQUE - UMA RELAÇÃO PRÓXIMA

A recente visita de José Sócrates a Moçambique foi um passo muito positivo no reforço de laços de confiança entre os dois Estados-membros da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa, como podem ver aqui.
Com um humor involuntário, o jornal Público resumiu a visita nestes termos “Muitos milhões e pouca política” como podem ver aqui. Referem-se, é claro, ao facto de José Sócrates não ter, e fez muito bem, misturado a pequena política interna com os objectivos da viagem. Na realidade, foi uma viagem com muita política, a que é portadora de futuro e que se traduziu no reforço das relações económicas, culturais e políticas entre os dois países.
As relações económicas entre os dois países tiveram nesta viagem um significativo impulso. Para além da criação do novo Banco Luso-Moçambicano de Desenvolvimento, assinale-se o reforço das relações nas energias renováveis, na criação de linhas de crédito e vários acordos empresariais que podem ver aqui.
As relações políticas ficaram fortalecidas com os documentos assinados, que pode conhecer aqui, entre os quais o que institui consultas políticas regulares ao mais alto nível de dois em dois anos, reunindo os Governos dos dois países.
É muito positivo que o Presidente da República de Moçambique, Armando Guebuza tenha afirmado “Acredito que esta é uma parceria para valer”.
As relações culturais, foram objecto da assinatura de um Protocolo Quadro de Cooperação, que refere “o incremento da circulação de informação sobre o sector cultural e as actividades desenvolvidas na área da cultura, nomeadamente, mas não exclusivamente, nos domínios do teatro, da música, da dança e bailado, das demais artes, da museologia, da arqueologia, dos arquivos, das bibliotecas, do livro e da leitura”. A cooperação cultural é uma área a privilegiar no relacionamento entre os dois países e é muito maior do que se poderá depreender desta leitura.
Não deixa de ser positivo que do programa da visita tenha feito parte um concerto de Mariza, portuguesa de origem moçambicana, a maior intérprete actual do Fado a que me referi aqui.
Moçambique é a pátria de grandes escritores da Língua Portuguesa como o poeta José Craveirinha, Prémio Camões, Mia Couto, um dos escritores mais lidos em Portugal, a que me referi aqui, e tenha sido um escritor moçambicano, João Paulo Borges Coelho o premiado com o Prémio Leya para a melhor obra de Língua Portuguesa em 2009 com o livro “O Olho de Hertzog” que lhe foi entregue por Manuel Alegre, que referiu a importância dos escritores moçambicanos, como pode ler aqui.
Moçambique é também um dos países da CPLP com tradição cinematográfica e bons realizadores como João Ribeiro, Sol de Carvalho e Licínio Azevedo e têm-se verificado a realização de filmes, envolvendo produtores e técnicos portugueses, mas existem dificuldades, nomeadamente, ao nível da distribuição. Esta é uma área em que a cooperação cultural pode ter futuro e contribuir para dar novo alento ao cinema moçambicano e, é pena, que não seja referida expressamente.
Portugal e Moçambique têm que aprofundar o novo relacionamento na base da igualdade, do respeito e da solidariedade, que construíram depois do fim do colonialismo.
O reforço do papel de cada um destes países no mundo só tem a ganhar com uma parceria mais efectiva entre eles.
Tenho verificado que muitos moçambicanos quando vêm a Portugal pela primeira vez têm uma agradável surpresa com o país que encontram e com a forma como são recebidos, porque tinham ideias erradas sobre a forma como são vistos entre nós.
Devo acrescentar que também creio que os portugueses ficariam também agradavelmente surpreendidos com descobrir o novo Moçambique, um crescente destino turístico, e a simpatia dos moçambicanos.
A visita de José Sócrates contribuiu não apenas para o reforço das relações entre os Estados, mas foi um incentivo para um maior conhecimento e cooperação entre os cidadãos dos dois países.

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