domingo, março 14, 2010

XXV ANIVERSÁRIO DA MESQUITA DE LISBOA

Comemorou-se esta manhã o XXV aniversário da Mesquita de Lisboa, que contou com a presença do Primeiro-Ministro, José Sócrates, do presidente da Câmara de Lisboa, António Costa, de representantes de várias confissões religiosas e de outros autarcas e de convidados, representativos de diferentes sectores sociais, para além de muitos fiéis muçulmanos.
A cerimónia começou com a recitação de versículos do Alcorão, pelo Sheik David Munir, Imam da Mesquita Central de Lisboa.
A mensagem de boas vindas de Abdool M. Karim Vakil, Presidente da Comunidade Islâmica de Lisboa (CIL), foi muito significativa e merecia ser editada e divulgada juntamente com os versículos do Alcorão recitados pelo Sheikh Munir, pelas mensagens de António Costa e José Sócrates e pela intervenção do Prof. AbdoolKarim Vakil, membro da comunidade, Professor/historiador do King’s College de Londres.
Destaco algumas afirmações de Abdool M. Karim Vakil: «Portugal é um exemplo de convivência harmoniosa e fraterna entre todos os seus cidadãos, independentemente da sua religião, raça ou cultura».
Mais adiante lembrou: «Sem dúvida que se Deus quisesse, seríamos um único povo e uma única comunidade religiosa, mas foi Sua vontade que fossemos povos diferentes e que nos aproximássemos Dele por diferentes caminhos, mas sempre através do Bem e da Justiça deixando-Lhe o julgamento final, porque só Deus tem o poder para nos julgar», tendo referido a fundamentação das suas palavras no Alcorão. Deu conta da evolução positiva que se tem verificado em Portugal, após a entrada em vigor da Lei da Liberdade Religiosa e da Comissão da Liberdade Religiosa, dando, designadamente o exemplo «das assistências hospitalar, coordenada pelo Padre José Nuno e também prisional, que necessitaram de ser adaptadas devido aos requisitos especiais para os nossos irmãos das diversas religiões, como a Judaica, Muçulmana, Bahai, Hindu, Budista e Sikh, no que toca às regras a observar na alimentação e na assistência religiosa aos doentes e reclusos».
Ao concluir, reafirmou: «É portanto fácil para mim acreditar, que Portugal tem todas as condições para ser um harmonioso mosaico de culturas e religiões e não uma mera manta de retalhos. Para isso, no entanto, temos de continuar a fomentar diálogos e os encontros para deixarmos de ser um povo de “uns e outros” e passarmos a ser “todos”».
António Costa referiu-se ao percurso efectuado na sociedade portuguesa desde o tempo em que os edifícios de outras confissões religiosas não podiam ter porta para as ruas, até à actual liberdade religiosa, passando pela Lei da Separação da Igreja do Estado. Recordou, nomeadamente, que essa era também a tradição de Lisboa no tempo de governo muçulmano, citando a este propósito a Crónica de um Cruzado, que participou na conquista de Lisboa em 1147, referindo que a numerosa população que habitava a cidade se devia à liberdade de religião que nela se vivia antes desse acontecimento.
AbdoolKarim Vakil proferiu uma palestra sobre o tema “A Mesquita e o Mundo: Islão e Muçulmanos em Portugal entre a História e o Quotidiano” onde abordou a forma como se verificou o crescimento da comunidade islâmica, os obstáculos que foram ultrapassados até à inauguração da Mesquita em 1985, bem como, o caminho percorrido posteriormente, tendo concluído: «No contexto do momento que corre, marcar e celebrar em 2010 com a presença de representantes do Estado e da Sociedade civil entre muçulmanos e não muçulmanos os 25 anos da inauguração da Mesquita de Lisboa, é mais do que nunca importante. Comemoramos mais do que um mero marco simbólico: reafirmamos o direito de cidade conquistado pelos cidadãos muçulmanos em 1985».
A encerrar a cerimónia, José Sócrates, que foi honrado com a atribuição da qualidade de sócio honorário da Comunidade Islâmica de Lisboa, saudou o contributo dado pela CIL ao País, um exemplo de integração harmoniosa, afirmando que o Estado é laico, mas a sociedade não é laica, é tolerante e a importância que o governo confere ao respeito pela liberdade religiosa.
Estão patentes na Mesquita uma exposição relativa ao espólios de Arte Islâmica dos museus de Alcácer do Sal e de Sesimbra e uma outra, fotográfica, sobre os momentos mais significativos da história da CIL.
Tenho acompanhado muitos momentos significativos da vida desta Comunidade nos últimos anos e considero que todos, muçulmanos, católicos e outros cristãos, judeus, hindus, bahais, budistas, sikhs, agnósticos e ateus, temos o dever de continuar a construir uma sociedade em que todos sejamos igualmente cidadãos.
Devemos felicitar a CIL pelo XXV Aniversário da Mesquita de Lisboa e pelo seu contributo exemplar para o diálogo intercultural e inter-religioso.
Vista parcial da entrada central da Mesquita de Lisboa. Imagem retirada do sítio da CIL que pode consultar aqui e ver mais imagens da Mesquita aqui.

2 comentários:

. disse...
Este comentário foi removido por um gestor do blogue.
José Leitão disse...

Caros Amigos
Não são admitidos comentários racistas,nem que ofendam a dignidade de qualquer pessoa. A diferença de opiniões não legitima qualquer forma de defesa, aberta ou subtil, da discriminação racial,cultural,filosófica ou religiosa.