Saudámos recentemente aqui as medidas anunciadas pelo Governo para promover a internacionalização da Língua Portuguesa.
A recente Cimeira da CPLP a que nos referimos aqui representou um grande passo em frente nesse sentido. Nos últimos meses têm sido dados pequenos passos para a internacionalização da Língua Portuguesa. Nesta semana foram dados pequenos, mas significativos passos para afirmar o empenho de Portugal na internacionalização da Língua Portuguesa por acção do Presidente da República. Saudamos a intervenção de Cavaco Silva na Assembleia-Geral das Nações Unidas, que pode ler na íntegra aqui.
É muito importante que a presidência portuguesa da CPLP tenha criado condições para que as intervenções de abertura e o debate geral da 63.ª Assembleia-Geral das Nações Unidas possam ser feitas em português tendo assegurado a tradução simultânea para as seis línguas oficiais das Nações Unidas, que são actualmente o árabe, chinês, espanhol, francês, inglês e russo. Esta iniciativa enquadra-se no conjunto de acções acordadas na VII Conferência de Chefes de Estado do Governo da CPLP, com vista à promoção do português como «língua global».
Cavaco Silva recordou que a recente Cimeira de Lisboa, na qual Portugal assumiu a Presidência da CPLP, «Permitiu ainda a definição de uma estratégia comum de afirmação internacional desse bem que partilhamos: a Língua Portuguesa – o 5º idioma mais falado no mundo, ligando Estados e povos nos cinco continentes. Uma afirmação que deverá conduzir a que o Português se constitua, cada vez mais, como língua oficial ou de trabalho de organizações internacionais».
Mas a internacionalização da Língua portuguesa tem sido estimulada por outros factos culturais e políticos, que não podemos ignorar.
A Academia de Ciências de Lisboa, cuja relevância pode perceber aqui, sob a direcção de Adriano Moreira tomou recentemente uma decisão histórica ao convidar para «Académicos Correspondentes Estrangeiros» os escritores Germano Almeida (Cabo Verde), Pepetela (Angola), o pintor Malangatana (Moçambique) e o economista Carlos Lopes (Guiné-Bissau).
O resultado das recentes eleições em Angola são naturalmente susceptíveis de múltiplas leituras, mas representam, como escreveu o escritor angolano José Eduardo Agualusa, numa notável crónica intitulada “O exemplo do rei do Congo”, Pública, de 21.09.08, «a vitória definitiva da língua portuguesa e do projecto cultural que nela se exprime». Este facto é uma enorme responsabilidade para os defensores da internacionalização da Língua Portuguesa. José Eduardo Agualusa adverte: «…os pais de milhões de crianças angolanas que hoje só comunicam em português serviam-se de um quimbundo, de um umbundo, ou de um quicongo mais rico do que aquele português que seus filhos hoje falam…», e acrescenta: «Esta erosão de pensamento, pois perder palavras é perder pensamento, da mesma forma que perder línguas é perder mundos, só poderá ser corrigida com um fortíssimo investimento no ensino do idioma português». Termina, fazendo votos «que os dirigentes angolanos….comecem a procurar desde já professores de língua portuguesa, e formadores de professores, onde quer que eles existam, seja em Portugal ou no Brasil, por outro lado que os dirigentes portugueses não sigam o exemplo de D. João III, e saibam corresponder a tais expectativas».
A pobreza do português falado não ocorre apenas em Angola, mas também em muitas áreas de Portugal e do Brasil. O português é uma língua muito rica, mas temos que reconhecer que a maioria dos seus falantes utilizam apenas um número muito escasso das suas palavras e que os dicionários portugueses, mesmo o da Academia das Ciências, são muito pobres e não têm em conta a riqueza do português escrito e falado nos diferentes países de Língua Oficial Portuguesa e que há também um enorme trabalho conjunto a promover para actualizar o vocabulário científico-técnico.
Uma das formas de enriquecer o português escrito e falado pelos cidadãos dos países lusófonos é ligar o ensino do português ao das literaturas dos escritores de Língua Portuguesa, cujos livros se revestem de enorme potencial para aumentar a capacidade cognitiva e a riqueza do vocabulário dos falantes de Línguas Portuguesa.
Como vemos estão-se a dar passos positivos, mas há muito por fazer que exige a colaboração de todos aqueles para quem a pátria é primeiro que tudo a Língua Portuguesa.
Imagem retirada do excelente blogue da Embaixada de Portugal no Brasil que pode consultar aqui.
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