Já tive oportunidade de falar aqui da poesia de José Tolentino de Mendonça como uma poesia inclusiva e fraterna.
Quero hoje falar de O Tesouro Escondido, livro recentemente publicado e que inaugura a nova colecção Poéticas do Viver Crente editada pela Paulinas Editora. Tem como subtítulo Para uma arte da procura interior e é um livro de espiritualidade bíblica de um crente que vive numa permanente atitude de procura interior e de diálogo com a cultura contemporânea.
Esse diálogo não significa silenciamento do que separa a visão cristã do mundo das meras opiniões, verdades parciais e provisórias, de paixões, aparências e modas. A vida não são cascas de cebola, para usar a sua metáfora, modos de ver, perspectivas. A visão cristã identifica-se mais com uma batata, na qual “… mesmo escondida por uma crosta ou por um véu, está uma realidade que é substanciosa e vital”.
O começo deste livro recordou-me um polemista católico muito conhecido Chesterton, que, aliás, nunca é citado, mas este não é um livro de polémica cultural. As tentações de cinismo e desleixo no que se refere à vida espiritual não se manifestam apenas nos outros, mas dentro de nós. É sobretudo, um convite a “adentrarmo-nos” na busca de Deus, para além de uma espiritualidade vaga com que muitas vezes nos contentamos. O livro inquieta-nos, desinstala-nos dos nossos comodismos e ideias feitas, para nos colocar numa atitude de procura do tesouro escondido.
É um livro de iniciação espiritual, que nos convida a fazer silêncio dentro de nós, a reaprendermos a arte da procura, acendendo a luz, varrendo as poeiras e desordens que se acumularam na nossa vida, a caminho da alegria da reconciliação.
Esta espiritualidade radica na Bíblia, mas tem em conta os contributos de escritores, intelectuais e pensadores contemporâneos, como Simone Weil, Sophia de Mello Breyner Andresen, Bento XVI, T.S. Eliot, Paul Claudel, Etty Hilleseum, Soren Kierkegaard, Dietrich Bonhoeffer, Erri de Luca, passando pela tradição mística de S. João da Cruz e do peregrino russo, a Charles de Foucauld.
Lê-se sem dificuldade, mas coloca-nos perante as nossas questões vitais, convidando-nos, nomeadamente, a reconciliarmo-nos com a beleza e a rezar até à impossibilidade de rezar.
É um livro de bolso, para ler e voltar a ler, modificando a ordem dos capítulos. Não é um texto literário, apesar de estar muito bem escrito, é um alimento espiritual, que nos desafia a vivermos dando a vida, a contrariarmos o individualismo dominante, a entendermos “a nossa vida como serviço e dedicação aos irmãos”, pois “Nós só perdemos aquilo que não damos”. A sua leitura é sempre situada e feita a partir da “circunstância” de cada um para usar a expressão de Ortega y Gasset.
A nossa vida é uma paisagem onde Deus se vê, como diz José Tolentino de Mendonça, que acrescenta “cada vida é única, há algo de único que cada um pode testemunhar sobre Deus”.
Como livro de espiritualidade dá um lugar central à oração e ao encontro com Deus para quem temos de reservar “em cada dia um quinhão para Deus e Deus só”. Não nos iludamos, não podemos dedicar a Deus uma parte do nosso tempo e vivermos o resto do tempo como se Deus não existisse.
José Tolentino de Mendonça é muito claro: “A oração cristã é ser e estar diante de Deus, colocar-se por inteiro e continuamente diante da sua presença, com uma atenção vigilante Áquele que nos convida a um diálogo sem cesuras”.
Este livro pode ser considerado a contra-corrente relativamente a algumas tendências culturais que marcam a nossa pós-modernidade, como é evidente desde logo na metáfora da cebola e da batata com que se inicia, ou na critica do individualismo com que termina, mas é sobretudo um livro que nos põe em questão, que nos convida à conversão, o que é bem mais exigente.
A dificuldade de rezar, de aceitar e dar perdão fica bem evidente nas palavras do escritor italiano Erri Luca no livro Caroço de azeitona que cita: “… Não posso admitir ser perdoado, não sei perdoar aquilo que cometi. Eis as minhas palavras de tropeço, pelas quais permaneço fora da comunidade dos crentes”.
É por não escamotear que “na oração, em todas as vidas existem limites e pedras de tropeço” que José Tolentino de Mendonça é credível quando nos incita a procurar o tesouro escondido, “o próprio amor de Deus”, e nos diz que ele está ao alcance dos que o procuram, de cada um de nós.
Quero hoje falar de O Tesouro Escondido, livro recentemente publicado e que inaugura a nova colecção Poéticas do Viver Crente editada pela Paulinas Editora. Tem como subtítulo Para uma arte da procura interior e é um livro de espiritualidade bíblica de um crente que vive numa permanente atitude de procura interior e de diálogo com a cultura contemporânea.
Esse diálogo não significa silenciamento do que separa a visão cristã do mundo das meras opiniões, verdades parciais e provisórias, de paixões, aparências e modas. A vida não são cascas de cebola, para usar a sua metáfora, modos de ver, perspectivas. A visão cristã identifica-se mais com uma batata, na qual “… mesmo escondida por uma crosta ou por um véu, está uma realidade que é substanciosa e vital”.
O começo deste livro recordou-me um polemista católico muito conhecido Chesterton, que, aliás, nunca é citado, mas este não é um livro de polémica cultural. As tentações de cinismo e desleixo no que se refere à vida espiritual não se manifestam apenas nos outros, mas dentro de nós. É sobretudo, um convite a “adentrarmo-nos” na busca de Deus, para além de uma espiritualidade vaga com que muitas vezes nos contentamos. O livro inquieta-nos, desinstala-nos dos nossos comodismos e ideias feitas, para nos colocar numa atitude de procura do tesouro escondido.
É um livro de iniciação espiritual, que nos convida a fazer silêncio dentro de nós, a reaprendermos a arte da procura, acendendo a luz, varrendo as poeiras e desordens que se acumularam na nossa vida, a caminho da alegria da reconciliação.
Esta espiritualidade radica na Bíblia, mas tem em conta os contributos de escritores, intelectuais e pensadores contemporâneos, como Simone Weil, Sophia de Mello Breyner Andresen, Bento XVI, T.S. Eliot, Paul Claudel, Etty Hilleseum, Soren Kierkegaard, Dietrich Bonhoeffer, Erri de Luca, passando pela tradição mística de S. João da Cruz e do peregrino russo, a Charles de Foucauld.
Lê-se sem dificuldade, mas coloca-nos perante as nossas questões vitais, convidando-nos, nomeadamente, a reconciliarmo-nos com a beleza e a rezar até à impossibilidade de rezar.
É um livro de bolso, para ler e voltar a ler, modificando a ordem dos capítulos. Não é um texto literário, apesar de estar muito bem escrito, é um alimento espiritual, que nos desafia a vivermos dando a vida, a contrariarmos o individualismo dominante, a entendermos “a nossa vida como serviço e dedicação aos irmãos”, pois “Nós só perdemos aquilo que não damos”. A sua leitura é sempre situada e feita a partir da “circunstância” de cada um para usar a expressão de Ortega y Gasset.
A nossa vida é uma paisagem onde Deus se vê, como diz José Tolentino de Mendonça, que acrescenta “cada vida é única, há algo de único que cada um pode testemunhar sobre Deus”.
Como livro de espiritualidade dá um lugar central à oração e ao encontro com Deus para quem temos de reservar “em cada dia um quinhão para Deus e Deus só”. Não nos iludamos, não podemos dedicar a Deus uma parte do nosso tempo e vivermos o resto do tempo como se Deus não existisse.
José Tolentino de Mendonça é muito claro: “A oração cristã é ser e estar diante de Deus, colocar-se por inteiro e continuamente diante da sua presença, com uma atenção vigilante Áquele que nos convida a um diálogo sem cesuras”.
Este livro pode ser considerado a contra-corrente relativamente a algumas tendências culturais que marcam a nossa pós-modernidade, como é evidente desde logo na metáfora da cebola e da batata com que se inicia, ou na critica do individualismo com que termina, mas é sobretudo um livro que nos põe em questão, que nos convida à conversão, o que é bem mais exigente.
A dificuldade de rezar, de aceitar e dar perdão fica bem evidente nas palavras do escritor italiano Erri Luca no livro Caroço de azeitona que cita: “… Não posso admitir ser perdoado, não sei perdoar aquilo que cometi. Eis as minhas palavras de tropeço, pelas quais permaneço fora da comunidade dos crentes”.
É por não escamotear que “na oração, em todas as vidas existem limites e pedras de tropeço” que José Tolentino de Mendonça é credível quando nos incita a procurar o tesouro escondido, “o próprio amor de Deus”, e nos diz que ele está ao alcance dos que o procuram, de cada um de nós.
1 comentário:
Do livro “O tesouro Escondido” de José Tolentino Mendonça
“E vós quem dizeis que Eu sou”? Pergunta-nos Jesus.
_ Para ti que dirás Quem sou? Pergunta-me Jesus_
Tu és o fundo do profundo do meu ser.
És a vida que meu coração tem e Todo o Bem.
O crescer sem Te ver no entrelaçar do meu ser
Da paixão à Ressureição
Da tristeza à alegria
De meus olhos verem
Num amor tão profundo que não se deixa encontrar e O desejo alcançar!
Ainda És mais que isso
Porque a vida é tua, ela é nossa e nesta fusão Tu és eu e eu sou Tu.
Nada sou sem Ti, tudo sou Contigo
Tu és para mim a vida que o Bem me deu,
para um dia juntos sermos felizes no Reino dos céus onde só o Amor cabe.
És o companheiro que não falta
Com quem sempre conto no fundo do meu íntimo.
Estás inscrito na minha alma e transcrito no meu ser.
Nada, ninguém e nem eu, poderemos separar-Te de mim.
É no fundo do meu querer, nas entranhas do meu ser
Que um dia decidi viver por Ti
Tu és O todo Belo!
És caminho que piso todos os dias para aí chegar
És o Amor que amo para todos os momentos amar.
Há mais para dizer
porque há muito para fazer!
Maria (5-10-2012)
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