Martin Luther King, Jr. foi assassinado há quarenta anos no dia 4 de Abril de 1968, em Memphis, Tennnesse.
Não tive oportunidade ainda de manifestar a minha gratidão por tudo o que aprendi com ele, mas recordo a emoção com que segui as imagens e as notícias das suas lutas, e do seu assassinato, bem como, as suas palavras e gestos que marcaram decisivamente algumas das minhas opções políticas fundamentais. Lamento o facto de até hoje não ter conseguido encontrar nem sequer em alfarrabistas, o seu livro “Força para Amar”, editado pela Livraria Morais Editores e que foi aprendido pela PIDE.
Ninguém é capaz de imaginar os sofrimentos que foram evitados e as vidas que foram poupadas pelo facto de Martin Luther King, Jr, um pastor cristão, da Igreja Baptista, ter optado pela não-violência para lutar contra a discriminação racial e ter ganho a batalha.
As lutas contra a segregação racial que liderou de acordo com uma estratégia de não-violência activa eliminaram barreiras existentes, permitiram o triunfo dos direitos civis e abriram caminho a mudanças sociais e culturais que ainda hoje produzem efeitos positivos em matéria de igualdade racial, ou para sermos mais rigorosos em matéria de igualdade entre todos os seres humanos, independentemente, das suas características fenotípicas.
Poderemos dizer que o sonho de Martin Luther King, Jr., de uma convivência solidária e sem barreiras de que falou no seu célebre discurso «I Have A Dream», está a tornar-se realidade.
A discriminação deixa sempre marcas profundas na sociedade e a igualdade de direitos civis, não produz automaticamente igualdade social.
Sabemos que durante estes anos, houve discriminações, tumultos, mas também acções anti-discriminatórias, discriminações positivas, a afirmação de negros na sociedade americana a todos os níveis. Estou certo que tudo isto teve reflexos positivos no progresso das relações inter-étnicas um pouco por todo o mundo.
Não ignoramos, contudo, que ficaram muros de desconfiança, medos e preconceitos e muita desigualdade económica, social e cultural, que pode e deve ser superada.
As actuais eleições presidenciais nos Estados Unidos da América, têm sido um processo sem precedentes do encontro deste país consigo próprio, com as suas contradições, as suas dificuldades, mas também com a generosidade e sentido de participação cívica de milhões de cidadãos e estão a ser disputadas por candidatos de inegável valor como é o caso dos democratas Barack Obama, Hillary Clinton e inclusive do republicano John MacCain.
A candidatura de Barack Obama tem sido, contudo, a grande surpresa, pela força inovadora do seu discurso, a capacidade de mobilizar jovens eleitores descrentes da participação política mobilizando-os para em conjunto construírem um mundo mais justo e mais fraterno, como no seu célebre discurso «Yes, we can», que pode ler aqui.
A eleição primária que terá lugar na próxima terça-feira na Pensilvânia para a qual Hillary Clinton partiu com larga vantagem poderá vir a ser decisiva se Barack Obama a conseguir vencer.
Barack Obama num discurso que ficará célebre sobre as questões raciais que pode ler aqui defendeu uma união mais perfeita, mais justa, mais igual em que todos com diferentes histórias partilhem esperanças comuns num futuro melhor.
O discurso de Barack Obama assumindo o seu pai um homem negro do Quénia e sua mãe uma mulher branca do Kansas, e todos os seus ascendentes, bem como toda a história americana com as suas grandezas e misérias, anuncia um futuro para os Estados Unidos e para o mundo em que cada ser humano será apreciado por si mesmo e não por características que nada têm a ver com a sua qualidade humana, o mundo com que sonhava Martin Luther King, Jr.
domingo, abril 20, 2008
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário