Manuel Alegre lançou esta semana um belíssimo livro de poesia intitulado “Doze Naus”
A escritora, professora e ensaísta Yvette Centeno apresentou-o de uma forma clara e precisa, como poderão constatar todos os que lerem o livro e as suas palavras, aqui.
A poesia é, contudo, vida, alimenta os nossos sonhos, anima as nossas esperanças ajuda-nos a ver mais fundo e mais longe e por isso é necessária ao nosso quotidiano. Como mero leitor, quero deixar estas breves notas, despretensiosas, que apenas pretendem continuar a conversar sobre este livro.
O livro precisa de ser mastigado devagar para que possamos ser sensíveis a todas as dimensões para que nos convoca.
As palavras abrem-nos diferentes horizontes, mas têm sempre a ver com a disponibilidade para novas viagens e novas procuras, uma inquietação pessoal e uma preocupação com Portugal.
Os poemas constroem-se com palavras como mar, vento, correntes, viagens, navegar, viajar, leme, poente e levante, mas também quartos, casas, ameixoeira, jardim, ou de outras palavras, como caçador, caça de salto, de batida, de largada, de espera, pássaro, perdiz, tiro, narcejas, marrequinhas, tarambolas, abibes, patos reais, arrozais, torcazes, tordos, olivais, aves de arribação, terras altas, rumor, rios e espuma.
Estes poemas falam-nos da procura do sentido da vida, mesmo quando usam a metáfora da caça. Lembrei-me que nos poemas inesquecíveis de “Senhora das Tempestades”, Manuel Alegre tinha utilizado com mestria a metáfora do pescador e da pesca.
No poema “O Caçador” retive: «Ouvi o grito da narceja ao levantar/mas era o bater da ilusão lírica/era o tempo a fugir/ou talvez Deus o sentido o sem sentido». Ou quando refere o pai (Francisco Duarte): «Havia nele algo mais que pontaria/também ele buscava o impossível/seu tiro era outra forma de poesia».
Os amigos e seu pai estão também muito presentes nos seus poemas. São poemas que doem, particularmente, para quem os conheceu.
“Um Adeus” para José Luís Nunes tocou-me porque usou as palavras exactas para evocar o homem verdadeiramente livre que ele foi, um homem espiritualmente inquieto. Transcrevo os últimos versos: «Oxalá possas ouvir o Tanhauser/e S. Pedro esteja de fraque à tua espera/com anjos e guerreiros e bandeiras».
“Contracanto de Babilónia” e “Ontem não te vi em Babilónia” (lendo António Lobo Antunes) continuam um diálogo permanente com algumas inquietações que já habitavam Camões. O diálogo com a melhor poesia e cultura, portuguesa e universal. é uma das chaves para ler estes poemas. Para além dos escritores já referidos estão presentes entre outros: Pessoa, Dante, Rilke e Kafka.
O amor à Pátria, que em Manuel Alegre, na senda de Almeida Garrett e Alexandre Herculano, sempre se identificou com o amor à liberdade, está subjacente a estes poemas.
Desde o poema “À sombra das árvores milenares”, que evoca «a última viagem de Portugal», a outros poemas, perpassa a inquietação com a falta de imaginação social e política para as necessárias novas viagens de Portugal, «País de muito mar/e pouca viagem», situação que o poeta pretende mudar, dizendo no poema “Hora do mar”: «Hora de ninguém/fechar os olhos e embarcar/Ouvir a voz que vem/ do mar».
Que Manuel Alegre continue a dar-nos versos como os deste livro e a desafiar-nos para novas viagens, são os meus votos.
A escritora, professora e ensaísta Yvette Centeno apresentou-o de uma forma clara e precisa, como poderão constatar todos os que lerem o livro e as suas palavras, aqui.
A poesia é, contudo, vida, alimenta os nossos sonhos, anima as nossas esperanças ajuda-nos a ver mais fundo e mais longe e por isso é necessária ao nosso quotidiano. Como mero leitor, quero deixar estas breves notas, despretensiosas, que apenas pretendem continuar a conversar sobre este livro.
O livro precisa de ser mastigado devagar para que possamos ser sensíveis a todas as dimensões para que nos convoca.
As palavras abrem-nos diferentes horizontes, mas têm sempre a ver com a disponibilidade para novas viagens e novas procuras, uma inquietação pessoal e uma preocupação com Portugal.
Os poemas constroem-se com palavras como mar, vento, correntes, viagens, navegar, viajar, leme, poente e levante, mas também quartos, casas, ameixoeira, jardim, ou de outras palavras, como caçador, caça de salto, de batida, de largada, de espera, pássaro, perdiz, tiro, narcejas, marrequinhas, tarambolas, abibes, patos reais, arrozais, torcazes, tordos, olivais, aves de arribação, terras altas, rumor, rios e espuma.
Estes poemas falam-nos da procura do sentido da vida, mesmo quando usam a metáfora da caça. Lembrei-me que nos poemas inesquecíveis de “Senhora das Tempestades”, Manuel Alegre tinha utilizado com mestria a metáfora do pescador e da pesca.
No poema “O Caçador” retive: «Ouvi o grito da narceja ao levantar/mas era o bater da ilusão lírica/era o tempo a fugir/ou talvez Deus o sentido o sem sentido». Ou quando refere o pai (Francisco Duarte): «Havia nele algo mais que pontaria/também ele buscava o impossível/seu tiro era outra forma de poesia».
Os amigos e seu pai estão também muito presentes nos seus poemas. São poemas que doem, particularmente, para quem os conheceu.
“Um Adeus” para José Luís Nunes tocou-me porque usou as palavras exactas para evocar o homem verdadeiramente livre que ele foi, um homem espiritualmente inquieto. Transcrevo os últimos versos: «Oxalá possas ouvir o Tanhauser/e S. Pedro esteja de fraque à tua espera/com anjos e guerreiros e bandeiras».
“Contracanto de Babilónia” e “Ontem não te vi em Babilónia” (lendo António Lobo Antunes) continuam um diálogo permanente com algumas inquietações que já habitavam Camões. O diálogo com a melhor poesia e cultura, portuguesa e universal. é uma das chaves para ler estes poemas. Para além dos escritores já referidos estão presentes entre outros: Pessoa, Dante, Rilke e Kafka.
O amor à Pátria, que em Manuel Alegre, na senda de Almeida Garrett e Alexandre Herculano, sempre se identificou com o amor à liberdade, está subjacente a estes poemas.
Desde o poema “À sombra das árvores milenares”, que evoca «a última viagem de Portugal», a outros poemas, perpassa a inquietação com a falta de imaginação social e política para as necessárias novas viagens de Portugal, «País de muito mar/e pouca viagem», situação que o poeta pretende mudar, dizendo no poema “Hora do mar”: «Hora de ninguém/fechar os olhos e embarcar/Ouvir a voz que vem/ do mar».
Que Manuel Alegre continue a dar-nos versos como os deste livro e a desafiar-nos para novas viagens, são os meus votos.
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