A esquerda democrática e o socialismo democrático procuram novas respostas para construir sociedades mais livres, justas, igualitárias e solidárias.
Dos Estados Unidos a França, passando por Portugal, a esquerda reinventa-se, através de uma participação acrescida dos cidadãos.
Nos Estados Unidos basta recordar a intervenção de figuras inovadoras do Partido democrático como Howard Dean, o papel dos blogues, como “Crashing the gate” aqui ou do cinema, como o recente documentário “Uma Verdade Inconveniente” de Davis Guggenheim com a participação de Al Gore e, sobretudo, o apelo a uma maior intervenção dos cidadãos.
Em Portugal, está bem presente a candidatura presidencial independente de Manuel Alegre, que conseguiu provar que o poder dos cidadãos é uma força que não pode ser subestimada. Em França, a pré-candidatura presidencial de Ségòlene Royal utiliza um sítio na Rede como espaço de cidadania e como organizador colectivo.
Todos estes novos movimentos ilustram a afirmação de Manuel Alegre de que “a Liberdade é o motor da história”.
É neste contexto que o MIC (Movimento de Intervenção e Cidadania) se está a afirmar como um movimento de tipo novo. De acordo com os seus estatutos, divulgados aqui hoje, o MIC é um movimento independente, transversal e aberto a filiados e não filiados em partidos políticos. O MIC tem como objectivo promover, através de todos os meios de intervenção cívica, o aprofundamento da democracia participativa, visando a qualidade da vida democrática e o cumprimentos dos objectivos inscritos na Constituição da República Portuguesa.
O MIC é um movimento de tipo novo porque dele podem fazer parte pessoas singulares, associações - com ou sem personalidade jurídica - ou fundações, nacionais ou estrangeiras , que se proponham colaborar e prosseguir os fins associativos previstos nos seus estatutos.
O MIC tem vindo a propor novos temas para a agenda, como o alargamento da licença de paternidade, ou uma abordagem inovadora do envelhecimento e da cidadania. Em breve irá debater questões como a água - direito humano ou mercadoria, a desertificação do País ou o estado do território. A água é aliás uma questão que preocupa Manuel Alegre e Al Gore.
A questão que se pode colocar é a de saber se o MIC será capaz de realizar os objectivos que se propõe. A resposta não está escrita nos astros. O MIC será capaz de os alcançar se for essa a vontade dos cidadãos, que sabendo que o caminho se faz caminhando, decidam assumir a sua cidadania participativa.
PS. 1- A morte de Teresa Ambrósio (1936-2006) na passada segunda-feira apanhou-me totalmente de surpresa. Ignorava que estava doente.
A missa celebrada no dia do seu funeral, com a participação activa dos filhos, foi um momento de verdade e fez-me sentir a sua presença e o sentido da sua vida.
Teresa Ambrósio foi uma cidadã exemplar, uma figura de relevo do Partido Socialista à renovação do qual deu vários anos da sua vida, tendo sido vice-presidente do Grupo Parlamentar e dirigente nacional do Partido Socialista. Foi uma parlamentar, com uma intervenção de invulgar qualidade, designadamente nas questões de educação e nas relativas à condição feminina.
Teresa Ambrósio começou por militar na JUC (Juventude Universitária Católica) e inscreve-se no PS pouco depois do 25 de Abril. Colaborou muito de perto com Francisco Salgado Zenha, quer no PS, quer no IED (Instituto de Estudos e Desenvolvimento).
Teresa Ambrósio foi até agora a única mulher que presidiu ao CNE (Conselho Nacional de Educação) e era professora jubilada da Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa, sendo doutorada em Ciências da Educação na Universidade de Tours, de que era professora agregada. Foi também consultora das Comunidades Europeias e da Unesco para as áreas de Educação, Ensino Superior e Formação. Dou-me ao trabalho de o referir, porque como disse à imprensa o seu marido, José Pedro Martins Barata, “era mais conhecida nos meios académicos estrangeiros, do que cá em Portugal” (vide, Sol, 16/09/2006), tendo colaborado com personalidades como Edgar Morin.
A sua preocupação com a educação e a cidadania poderá sintetizar-se dizendo que procurou “formar espíritos capazes de organizar conhecimentos (…), ensinar a condição humana (…), criar uma escola de cidadania”.
Não esqueceremos a coragem e a dignidade com que viveu a sua vida e a sua morte.
Obrigado Teresa pela amizade e pelo que aprendemos contigo!
domingo, setembro 17, 2006
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1 comentário:
Seja bem vinda. Obrigado pelas suas palavras.Conto com os seus comentários.
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