Fradique Melo Bandeira de Menezes foi reeleito Presidente da República em eleições que decorreram com normalidade democrática. Obteve 60,03% dos votos, enquanto os restantes candidatos Patrice Trovoada e Nilo Guimarães obtiveram respectivamente 38,50% e 0,59% dos votos. Patrice Trovada reconheceu a derrota, com dignidade, e desejou um bom mandato a Fradique de Menezes, o qual no meio do enorme entusiasmo popular pela sua reeleição teve palavras de saudação também para os que não votaram nele prometendo exercer as suas funções no interesse de todos. Tudo isto constitui um exemplo de respeito pelas instituições democráticas, de liberdade e tolerância, que nos apraz sublinhar.
As boas notícias não merecem normalmente o mesmo destaque do que as más. É por isso positivo que a televisão portuguesa tenha transmitido imagens quer das declarações de Patrice Trovoada, quer do Presidente Fradique de Menezes.
Com esta expressiva vitória Fradique de Menezes, que ganhara também as eleições legislativas, tem condições para iniciar um novo ciclo político em que se verifique um crescimento da satisfação das necessidades básicas da grande maioria da população e o crescimento económico, que torne S.Tomé e Príncipe num país desenvolvido. É este o desafio com que será confrontado nos próximos cinco anos, dispondo de um recurso novo a juntar à importância tradicional da agricultura, a exploração do petróleo.
Fradique de Menezes é filho de pai português do distrito de Viseu, e mãe santomense, estudou em Portugal e na Bélgica, e tem um grande currículo político e diplomático, sendo um abastado empresário, que se afirmou na vida política santomense.
Portugal, onde se situa a maioria da diáspora santomense, e da qual um número crescente são também cidadãos portugueses, deve intensificar o seu relacionamento a todos os níveis com S.Tomé e Príncipe.
O Presidente da República portuguesa expressou correctamente o sentimento nacional quando ao felicitar Fradique de Menezes, afirmou: «esperar que se encontrem «novas oportunidades para se desenvolverem e aprofundarem ainda mais [os laços entre os dois países], quer no campo bilateral, quer no quadro da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP)».
S.Tomé e Príncipe não é apenas um país de uma beleza deslumbrante, é um país rico em capital humano e cultural.
Para o exemplificar, e não falando da riqueza do teatro popular, das variadas expressões musicais, da literatura santomense no seu conjunto, gostaria de referir hoje duas grandes poetisas, Alda do Espírito Santo e Conceição Lima e um grande prosador Sacramento Neto.
Foi publicado recentemente, em Portugal, o livro A Poesia e a Vida - Homenagem a Alda Espírito Santo, pelas Edições Colibri, da iniciativa de Inocência Mata e Laura Padilha, que contou com a colaboração designadamente de Conceição Lima e Natália Umbelina. Alda do Espírito Santo é não só uma grande escritora da Língua Portuguesa, de que seria necessário publicar a obra poética completa e que merecia receber o Prémio Camões, mas foi também Ministra da Informação, Ministra da Educação e Cultura de S.Tomé e Príncipe.
Mas a poesia santomense renova-se continuamente como se pode constatar pela leitura dos dois belíssimos livros de poesia de Conceição Lima, «O Útero da Casa» e «A Dolorosa Raiz do Micondó».
Em Lisboa, ou entre S.Tomé e Princípe e Lisboa, processa-se, uma parte importante da criação cultural santomense.
Para dar mais um exemplo, não posso deixar de referir, a produção literária contínua de Sacramento Neto, padre católico, que exerce as suas funções sacerdotais em Lisboa e tem vindo discreta, mas persistentemente a criar uma obra literária que permanecerá para sempre, que mais não seja por ter introduzido no português escrito palavras provenientes de outras línguas de S.Tomé e Príncipe. Um dos seus livros «Milongo» foi, aliás, já adaptado à televisão pela RTP, em colaboração com a Televisão de S.Tomé e Príncipe.
Só me resta felicitar uma vez mais Fradique de Menezes pela sua vitória e desejar progresso e desenvolvimento ao povo santomense e uma maior cooperação entre Portugal e S.Tomé e Princípe a todos os níveis.
Como cidadãos, temos sempre os nossos blogues e sítios na Rede para estimularmos a intensificação do relacionamento pessoal, cultural, económico e político entre os dois países.
domingo, agosto 06, 2006
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1 comentário:
Caro Amigo,
Com um abraço quero felicitá-lo pelas suas palavras.
É precisamente um grande desafio incentivar e participar no desenvolvimento de jovens nações. Dá muito que pensar sobre as origens da recente instabilidade em Timor, o benjamim dos novos países, o nosso "filho" mais novo lançado às feras. Hoje em dia comunica-se mais depressa e sentimos o dia-a-dia em lugares tão distantes, tais com Dili, Macau, etc.. Pensando na distância de Timor concluímos que a guerra sionista está mesmo aqui perto...só falta ouvir os bombardeamentos infanticidas. Mas,voltando ao rumo do brilhamte artigo sobre S.Tomé e Príncipe, afirmo que vale mesmo a pena conhecer, conversar, lidar com os naturais deste arquipélago, conhecer a sua fantástica calma, a sua pacífica maneira de ser. É um povo que merece todas as ajudas do mundo. Só a afabilidade nata dos são-tomenses devia ser um exemplo da maneira de enfrentar os mais graves problemas. Recordo-me daquele "golpe de estado" que foi o mais pacífico do mundo, umas reuniões, uns jantares, uns diálogos calmos e a solução surgiu, sem a necessidade de hipocrisias e burocracias e de outras "ias" de Onus, de assustadoras Condollezas, de Conselhos Europeus, enfim, sem a intervenção de interesses alheios. Um povo que resolve as suas dificuldades desta maneira devia ser um exemplo universal para o nosso século, onde nos fazem mais olhar para tristes passados, onde se comparam atitudes actuais com actos nazis ou até napoleónicos, onde se praticam massacres nada dignos do ser humano.
S.Tomé e Príncipe é uma jovem nação bonita e promissora. Mas pela sua sensatez parece um país com muitos anos de saber, apesar de amordaçado pelo atrofio da ditadura colonialista. Ponham o povo são-tomense a tomar conta dos conflitos mundiais actuais e com o dinheiro que poupam em actos belicistas, em bombas, tanques, aviões, etc., invistam no desenvolvimento daquele pequeno e lindo arquipélago que constitui um digno exemplo de jovem nação virada para o futuro e não para trás como a maioria dos países ditos desenvolvidos.
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