Luís Salgado de Matos publicou um livro muito interessante, intitulado Tudo o que sempre quis saber sobre a Primeira República em 37 mil palavras, editado pelo ICS (Imprensa de Ciências Sociais), cuja leitura recomendamos vivamente.
Há boas razões para o fazer. Está muito bem escrito, é muito informativo e ilustrado com fotografias que nos transportam para os factos que marcaram a história da Primeira República, enriquecido com um quadro sinóptico do Estado da Primeira República (1911-1926).
O livro pode ser lido como uma introdução incontornável a outras leituras, que, aliás, sugere para saber mais sobre a Primeira República, sem deixar de ser o desbravar de uma área pouco estudada o Estado, a organização política e as instituições republicanas.
Luís Salgado de Matos faz uma avaliação positiva do legado da Primeira República, que se pode sintetizar nestas suas palavras: “A Primeira República foi a forma de Estado que inverteu a tendência para a decadência de Portugal, decadência reforçada com as Invasões Francesas. O que ficou da Primeira República foi acima de tudo a República: a possibilidade do autogoverno dos portugueses.”
É necessário estudar a Primeira República, a generalidade dos cidadãos pouco sabe da história política e social contemporânea, anterior ao 25 de Abril de 1974.
São necessários livros, estudos, documentários para televisão, que dêem diversas abordagens dos factos históricos, que nos permitam formar a nosso próprio juízo como cidadãos livres.
O livro de Luís Salgado de Matos é um excelente contributo para percebermos como se foi estruturando o Estado republicano, as hesitações dos deputados constituintes de 1911 sobre o regime parlamentar, convencional ou presidencial, a separação de poderes, o poder de dissolução do Parlamento.
São analisados de forma sintética, mas rigorosa, nomeadamente, o papel do Parlamento entre o ideal e o real, o resultado das eleições e as vitórias dos democráticos e de outros, bem como do Executivo ideal e tal como funcionou.
Luís Salgado de Matos analisa a República e a organização política à luz da metodologia desenvolvida no seu livro O Estado de Ordens (2004).
As limitações resultantes na articulação entre o Estado e os cidadãos do sufrágio restrito, é, em meu entender, bem abordada ao longo do livro e contribuiu para impedir a integração plena da classe operária e dos camponeses na República. Esta questão, bem como a ausência do Estado Social, enfraqueceram a Primeira República face aos ataques dos seus inimigos.
O facto de ser uma história breve, deixa-nos com muitas pistas para aprofundar, nomeadamente, o papel de instituições da ordem simbólica como a Maçonaria e a Igreja Católica.
Recorde-se que em 1923, a imposição do barrete cardinalício ao Núncio Apostólico Locatelli pelo Presidente da República António José de Almeida assinala a vontade de ter boas relações entre a República e a Igreja Católica. No mesmo ano, João Soares, ministro das Colónias aprovou a primeira legislação democrática de apoio estatal às missões católicas portuguesas em África.
A evolução das relações entre o Estado Republicano e a Igreja pode ser lida em duas das excelentes fotografias que ilustram o livro.
Na fotografia publicada na página 61, Afonso Costa, acompanhado de senhoras, com o traje da época, por certo antigas freiras, saem do antigo convento dominicano de Benfica que fora encerrado. Na fotografia publicada na página 142, os soldados desconhecidos da guerra são enterrados no mosteiro da Batalha, com a presença de António José de Almeida, que representa o Estado, e do bispo D. José do Patrocínio Dias, que representa a Igreja Católica.
Este livro é uma edição bem cuidada, em formato de bolso, lê-se bem no metro, no autocarro, nas esplanadas, para além do sossego de uma biblioteca. Percebe-se que houve a preocupação de estimular a leitura, os livros destinam-se a ser lidos pelo maior número possível de leitores.
Há boas razões para o fazer. Está muito bem escrito, é muito informativo e ilustrado com fotografias que nos transportam para os factos que marcaram a história da Primeira República, enriquecido com um quadro sinóptico do Estado da Primeira República (1911-1926).
O livro pode ser lido como uma introdução incontornável a outras leituras, que, aliás, sugere para saber mais sobre a Primeira República, sem deixar de ser o desbravar de uma área pouco estudada o Estado, a organização política e as instituições republicanas.
Luís Salgado de Matos faz uma avaliação positiva do legado da Primeira República, que se pode sintetizar nestas suas palavras: “A Primeira República foi a forma de Estado que inverteu a tendência para a decadência de Portugal, decadência reforçada com as Invasões Francesas. O que ficou da Primeira República foi acima de tudo a República: a possibilidade do autogoverno dos portugueses.”
É necessário estudar a Primeira República, a generalidade dos cidadãos pouco sabe da história política e social contemporânea, anterior ao 25 de Abril de 1974.
São necessários livros, estudos, documentários para televisão, que dêem diversas abordagens dos factos históricos, que nos permitam formar a nosso próprio juízo como cidadãos livres.
O livro de Luís Salgado de Matos é um excelente contributo para percebermos como se foi estruturando o Estado republicano, as hesitações dos deputados constituintes de 1911 sobre o regime parlamentar, convencional ou presidencial, a separação de poderes, o poder de dissolução do Parlamento.
São analisados de forma sintética, mas rigorosa, nomeadamente, o papel do Parlamento entre o ideal e o real, o resultado das eleições e as vitórias dos democráticos e de outros, bem como do Executivo ideal e tal como funcionou.
Luís Salgado de Matos analisa a República e a organização política à luz da metodologia desenvolvida no seu livro O Estado de Ordens (2004).
As limitações resultantes na articulação entre o Estado e os cidadãos do sufrágio restrito, é, em meu entender, bem abordada ao longo do livro e contribuiu para impedir a integração plena da classe operária e dos camponeses na República. Esta questão, bem como a ausência do Estado Social, enfraqueceram a Primeira República face aos ataques dos seus inimigos.
O facto de ser uma história breve, deixa-nos com muitas pistas para aprofundar, nomeadamente, o papel de instituições da ordem simbólica como a Maçonaria e a Igreja Católica.
Recorde-se que em 1923, a imposição do barrete cardinalício ao Núncio Apostólico Locatelli pelo Presidente da República António José de Almeida assinala a vontade de ter boas relações entre a República e a Igreja Católica. No mesmo ano, João Soares, ministro das Colónias aprovou a primeira legislação democrática de apoio estatal às missões católicas portuguesas em África.
A evolução das relações entre o Estado Republicano e a Igreja pode ser lida em duas das excelentes fotografias que ilustram o livro.
Na fotografia publicada na página 61, Afonso Costa, acompanhado de senhoras, com o traje da época, por certo antigas freiras, saem do antigo convento dominicano de Benfica que fora encerrado. Na fotografia publicada na página 142, os soldados desconhecidos da guerra são enterrados no mosteiro da Batalha, com a presença de António José de Almeida, que representa o Estado, e do bispo D. José do Patrocínio Dias, que representa a Igreja Católica.
Este livro é uma edição bem cuidada, em formato de bolso, lê-se bem no metro, no autocarro, nas esplanadas, para além do sossego de uma biblioteca. Percebe-se que houve a preocupação de estimular a leitura, os livros destinam-se a ser lidos pelo maior número possível de leitores.
2 comentários:
Caríssimo Zé
Não sabia, mas, graças a ti, já fui comprar e vou começar a lê-lo apenas acabe o que tenho em mãos.
Amigo do Luís, como sabes, de há muito que não o encontro. Uma das últimas vezes ainda foi com o Mário Mesquita e almoçámos os três. Já lá vão uns anitos... A idade não perdoa...
A I República - período importantíssimo na História de Portugal e que tão vilipendiada tem sido - tem para mim um interesse enorme. O Luís Salgado de Matos também o tem. É um Homem de uma só cara.
Estou de novo a escruvinhar umas coisas que até podem redundar em novo livreco. Para o que me havia de dar, depois de ancião... Após o «Morte na Picada», penso reincidir...
Tenho publicado esses textículos, com x, na Minha Travessa. Se o quiseres fazer, podes ir lá deitar uma espreitadela.
Escrevi um texto para o nosso Portugal Socialista sobre o Tito de Morais. Mas, não tenho ido às sessões diversas, pois tenho estado com uma gripe prolongada e meio suína...
Estou muito melhor, foram os brônquios, mas parece q já passou.
E, finalmente, uma pergunta: quando nos encontramos, por exemplo para um almoço?
E um pedido: manda-me o teu imeile ou imilio
Abs
Caro Amigo
Vou mandar-te o email.
Com amizade.
Um grande abraço.
José Leitão
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