domingo, junho 10, 2007

ANTÓNIO COSTA - A PAIXÃO POR LISBOA

Devo confessar que recebi com muita satisfação a candidatura de António Costa a Presidente da Câmara Municipal de Lisboa. Não foi para mim uma surpresa, porque sabia que António Costa gosta muito de Lisboa e tem condições para a governar bem.
A sua candidatura impunha-se perante o estado de degradação e de caos financeiro, em que a cidade se encontra, após a gestão do PSD.
Devo dizer que a candidatura de António Costa é um motivo de esperança no futuro de Lisboa e que a forma como a anunciou, a Lista que apresentou e os objectivos que apontou me parecem extremamente correctos.
A principal razão porque vale a pena apoiar António Costa é porque ele tem uma verdadeira paixão por Lisboa e tem competência e equipa para resolver os graves problemas com que Lisboa se confronta.
António Costa não se interessou agora pela situação de Lisboa. Foi membro da Assembleia Municipal de Lisboa entre 1982 e 1993.
Conheço-o desde que aderiu à Juventude Socialista, tive oportunidade de integrar o Secretariado da FAUL (Federação da Área Urbana de Lisboa) de que foi Secretário Coordenador e sei a preocupação que nos animava sobre o futuro de Lisboa e da Área Metropolitana de Lisboa. O trabalho político extremamente inovador que foi desenvolvido nessa época ficou bem patente numa publicação “Viver Com Qualidade” e, esteve na origem de várias políticas públicas que viriam a ser promovidas pelo PS, das acessibilidades, à integração dos imigrantes passando pela habitação e o ambiente.
António Costa regressou agora para valer a Lisboa, depois de uma brilhante carreira política, em que as suas qualidades de inteligência e de determinação foram sempre evidentes.
Gostaria de sublinhar desde já alguns sinais fortes que considero importantes. Desde logo a Lista que apresentou, que teve em conta as críticas que a actuação das diferentes forças políticas a nível da Câmara tem merecido por parte dos cidadãos de Lisboa e procurou dar-lhes resposta. A Lista é constituída por militantes do PS e por independentes, escolhidos por critérios de competência profissional e/ou política, sem obediência a qualquer lógica de clientelismo partidário. É uma lista que dá sinais de unidade interna a nível do PS e que se abre à esquerda e à direita do tradicional eleitorado do PS, procurando dirigir-se a cidadãos dispostos a contribuir para assegurar uma boa governação de Lisboa.
A abrangência da Comissão de Honra representa a continuidade dessa opção, mas é também significativa da ampla resposta positiva que está a merecer esta candidatura. Para quem sempre defendeu a participação política feminina e uma maior igualdade de género é de aplaudir a preocupação que teve em constituir uma lista paritária, com base no mérito.
A candidatura de António Costa tem a virtualidade de ter um apoio mais alargado do que o dos militantes e eleitores do PS e este capital não deve ser ignorado na estratégia da campanha.
Uma forma de tornar visível esse apoio alargado e diferenciado poderia ser a constituição de uma rede de blogues que fossem manifestando o apoio à sua candidatura, para além desta iniciativa interessante.
A Assembleia Municipal tem uma maioria de direita e a eleição para a Câmara tem natureza intercalar.
Tudo isto exige liderança, rigor e estabilidade, o que torna necessária uma maioria absoluta, para que o futuro de Lisboa não fique preso de incertos jogos de poder.
O candidato da CDU, Ruben de Carvalho, anunciou já que: «Afasto a hipótese de coligações pós- eleitorais com o PS» (Expresso, 9 de Junho de 2007).
Desta afirmação o eleitor retira duas conclusões: há que votar em António Costa, votar CDU nestas eleições é totalmente inútil, porque não serve para governar bem Lisboa.
António Costa é o candidato que representa o ímpeto reformador e mobilizador que animou as coligações de esquerda em Lisboa, com Jorge Sampaio e João Soares.
Face à incerteza de que se reveste a possibilidade de celebração de acordos pós-eleitorais, para Unir Lisboa, vale a pena apoiar António Costa que tem competência e equipa para governar bem Lisboa.

3 comentários:

CA disse...

Infelizmente, na questão do aeroporto, António Costa defende a posição de Mário Lino em vez de se preocupar com Lisboa.

Lembro-me com frequência da questão das portagens na CREL. Quando Pedro Santana Lopes era presidente da CML não foi capaz de defender a cidade contra o seu partido. O resultado é que desde que a CREL teve portagens a 2a circular piorou muito, roubando diariamente muitas horas de espera a todos os lisboetas.

José Leitão disse...

O que António Costa defende no que se refere ao novo aeroporto é o seguinte:« Do ponto de vista da cidade de Lisboa, o essencial é que seja assegurado um acesso rápido, fácil, cómodo, e barato ao novo aeroporto, seja esse acesso à Ota, seja esse acesso ao Poceirão,ou a Alcochete.»
Estou inteiramente de acordo e também concordo que a Portela seja reconvertido num espaço verde. que venha a completar o Plano Verde de Lisboa.
Considero uma grave demagogia continuar a defender que a Portela tem futuro quando é óbvio que não tem e que a sua continuidade irá prejudicar cada vez mais o ambiente urbano e a segurança dos cidadãos, que veem as suas casas sobrevoadas de perto por um número crescente de aviões.
Quem gosta de Lisboa e a conhece sabe que o aeroporto não é o problema, nem a solução para a grave crise em que Lisboa se encontra. Sugiro que leiam o programa para Lisboa apresentado por António Costa.

João Bernardo disse...

Primeiro quero deixar dois esclarecimentos:
1º Sou lisboeta, embora, após 27 anos a viver na minha cidade, fui obrigado a mudar-me para Odivelas com a minha mulher, pois não encontrei habitação adequada a preços comportáveis. Um entre tantos milhares que vêm abandonando a cidade;
2º Apesar de não filiado em nenhum partido, sou democrata, republicano, laico e socialista.
Feito este esclarecimento, gostaria de saber qual é a política que o António Costa pretende seguir para travar o exôdo populacional que Lisboa vem sofrendo a vários anos. Como vai ser possível fixar população jovem numa cidade, numa altura em que o preço das casas continua elevado, que as taxas de juros têm vindo a subir, que as rendas, excluíndo as antigas, têm valores que continuam a superar o valor das prestações aos bancos?
Gostaria que me explicasse como é que o facto do candidato do PCP ter dito que não fará coligações pós-eleitorais com o PS, leva necessariamente a que deva ser dada maioria absoluta ao PS para governar a autarquia. Esta pergunta prende-se com o facto de, além do PCP e do PS, existirem outras candidaturas que se situam no lado esquerdo do espectro político (Sá Fernandes e Helena Roseta) e que não vieram de forma prévia a recusar futuros entendimentos com um possível executivo camarário socialista. Acresce que o passado tem demonstrado que, apesar do PCP ter tido uma postura critíca face ao PS, tanto a nível nacional como autárquico, isso não impediu os dois partidos de chegarem a entendimentos sobre várias matérias e de já terem no passado gerido a cidade em coligação durante dois mandatos.