quarta-feira, agosto 18, 2004

A FOME EM PORTUGAL É INTOLERÁVEL

A reportagem sobre a pobreza, a exclusão social e a fome em Portugal, publicada pelo Público, em 21 de Março de 2004, da autoria dos jornalistas Andreia Sanches e António Marujo , não teve até hoje uma resposta séria no plano social e político.
A situação persiste e agrava-se.
Recentemente, o jornalista Nicolau Santos defendeu no Expresso de 7 de Agosto, que um dos compromissos fundamentais a concretizar até 2010, seria assumir pela sociedade e pelos partidos políticos a necessidade de acabar com a fome no país.
Enquanto Andreia Sanches e António Marujo consideravam que pelo menos 200 mil pessoas passam fome, Nicolau Santos, com base em dados mais recentes, designadamente, do Banco Alimentar Contra a Fome, refere que quase um milhão de pessoas passa fome diariamente.
Esta situação tem de nos inquietar e obriga-nos a procurar encontrar novas soluções. Temos de dizer não à intolerável situação de fome em Portugal, de forma rigorosa e eficaz.
A economista Manuela Silva, que tem tido um papel insubstituível na denúncia e no combate à pobreza e à exclusão social, defendeu na revista Viragem nº 4 de Setembro-Dezembro de 2003, a criação de um fundo de emergência social para acabar com a fome em Portugal, destinado ao reforço das medidas de combate à fome e à pobreza cabendo ao Governo a responsabilidade de o criar e de o administrar em parceria com a sociedade civil.
É uma proposta séria que merece ser analisada, mas não podemos ignorar que a pobreza e a exclusão social, têm sido alimentadas pela descaracterização da nova geração de políticas sociais, que tinham sido criadas pelos governos de António Guterres.
É por isso necessário, que paralelamente á apresentação de novas propostas para pôr termo às situações que denunciámos, sujeitar a uma análise crítica a descaracterização das políticas sociais que tem vindo a ser prosseguida pelos dois últimos governos.

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