sexta-feira, junho 11, 2004

"ESCOLHAS" EM RISCO

O “Escolhas-Programa de Prevenção da Criminalidade e Inserção dos Jovens dos Bairros mais Vulneráveis dos Distritos de Lisboa, Porto e Setúbal, criado em Janeiro de 2001, foi escolhido pelo jornal “Público”, de 23 de Abril de 2004, como uma das Histórias De Um País De Sucesso.
No seu empenho em descaracterizar as políticas de inclusão social dos governos de António Guterres, o actual governo, alterou a sua natureza de forma irremediável, comprometendo o seu sucesso futuro.
O “Escolhas”, que recebeu o prémio da Rede Europeia de Prevenção da Criminalidade Europeia era um programa de inclusão de jovens em risco, sem discriminações de origem social, nacional ou étnica.
O anterior coordenador, Dr. Eduardo Vilaça, sublinhou por diversas vezes que cerca de metade dos jovens em risco são brancos e nacionais e que teve mais problemas com jovens de famílias nacionais do que com filhos de imigrantes (vide, Público, 23 de Abril de 2004).
Os jovens em risco e as famílias desestruturadas de onde provêm, não se identificam por uma cor de pele, uma origem nacional ou étnica.
Mas o governo pretendeu fazer uma identificação e por isso o programa passou a ser coordenado pelo alto-comissário para a Imigração e Minorias étnicas, com faculdade de delegação no alto-comissário adjunto.
É um acto de estigmatização objectiva e de discriminação implícita dos jovens filhos de imigrantes, dado que tendo em conta as competências das entidades que passam a coordená-lo se presume que jovens em risco é sinónimo de filhos de imigrantes ou identificáveis como integrando uma minoria étnica, o que não é verdade.
O contributo que o “Escolhas” tem dado para a inclusão social foi posto em risco e o futuro dos jovens que apostaram em dar a sua melhor colaboração ao “Escolhas”, ficou numa situação de total incerteza.
Estaremos todos atentos ao evoluir desta questão.

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