O nosso amigo Manuel Frazão faria hoje anos, se não tivesse morrido no passado dia 1 de Novembro.
A sua vida e morte deixaram uma marca profunda nas pessoas que o conheciam. Durante semanas remeti-me ao silêncio sobre a sua morte, vivendo-a para dentro, mas hoje senti necessidade de deixar aqui estas breves palavras.
Manuel Frazão exerceu várias actividades profissionais ao longo da vida. Nos últimos anos, entre outras actividades foi realizador do 70x7.
Num artigo que assinou na agência ECCLESIA, intitulado Por detrás das câmaras, que podem ler aqui, escreveu, designadamente, que “Mais do que o brio profissional, é a consciência de estarmos a tocar a maravilha de gente de carne e osso, que o Espírito misteriosamente anima, sejam pobres ou doutores, excluídos da sociedade ou figuras de relevo” E acrescentava: “há sempre uma intromissão na esfera do privado que a imagem – longe de ser neutra – pode caricaturar, deformar, falsificar. E isto está muito para além do desejo de que o trabalho seja escorreito e honesto”.
O Manuel foi apanhado por um cancro traiçoeiro, que o haveria de vitimar. O que me surpreendeu no Manuel foi a forma como foi assumindo esse facto com naturalidade, fazendo os tratamentos sem grandes ilusões ou encarniçamento terapêutico, mas procurando viver o seu quotidiano o mais como até aí, enquanto lhe foi possível.
Os momentos em que estivemos com ele e com a Teresa transmitiram uma grande serenidade. Era evidente que muito gostava muito da Teresa e que a queria poupar de todos os sofrimentos evitáveis. Sentíamos que o Espírito misteriosamente o animava, para parafrasear as suas palavras.
A morte é sempre uma experiência trágica, seja-se crente ou ateu. Creio que ninguém pode seriamente antecipar como a viverá. Como escreveu Jorge de Sena “De morte natural nunca ninguém morreu / Não foi só para a morte que nós nascemos (…)”. Também assim penso.
O Manuel viveu, apesar disso, a sua vida durante a sua doença e a sua morte com grande serenidade e paz, procurando minimizar o sofrimento, através do recurso a cuidados paliativos. Percebia-se que acreditava efectivamente na ressurreição da carne e na vida eterna.
Lembrei-me a este propósito, da frase do Padre António Vieira, que acrescentou à repetida afirmação “homem lembra-te que és pó” a outra “pó lembra-te que és homem”.
Cada pessoa é um mistério, mas creio que o Manuel Frazão enfrentou a morte com serenidade, porque sabia quem era e se encontrava em paz consigo mesmo.
O Manuel Frazão era uma pessoa única e irrepetível, como cada um de nós, que nos trouxe uma presença, palavras e gestos que continuarão a inspirar-nos e a interrogar-nos, até nos reencontrarmos com ele, assim esperamos, no dia sem ocaso.
A sua vida e morte deixaram uma marca profunda nas pessoas que o conheciam. Durante semanas remeti-me ao silêncio sobre a sua morte, vivendo-a para dentro, mas hoje senti necessidade de deixar aqui estas breves palavras.
Manuel Frazão exerceu várias actividades profissionais ao longo da vida. Nos últimos anos, entre outras actividades foi realizador do 70x7.
Num artigo que assinou na agência ECCLESIA, intitulado Por detrás das câmaras, que podem ler aqui, escreveu, designadamente, que “Mais do que o brio profissional, é a consciência de estarmos a tocar a maravilha de gente de carne e osso, que o Espírito misteriosamente anima, sejam pobres ou doutores, excluídos da sociedade ou figuras de relevo” E acrescentava: “há sempre uma intromissão na esfera do privado que a imagem – longe de ser neutra – pode caricaturar, deformar, falsificar. E isto está muito para além do desejo de que o trabalho seja escorreito e honesto”.
O Manuel foi apanhado por um cancro traiçoeiro, que o haveria de vitimar. O que me surpreendeu no Manuel foi a forma como foi assumindo esse facto com naturalidade, fazendo os tratamentos sem grandes ilusões ou encarniçamento terapêutico, mas procurando viver o seu quotidiano o mais como até aí, enquanto lhe foi possível.
Os momentos em que estivemos com ele e com a Teresa transmitiram uma grande serenidade. Era evidente que muito gostava muito da Teresa e que a queria poupar de todos os sofrimentos evitáveis. Sentíamos que o Espírito misteriosamente o animava, para parafrasear as suas palavras.
A morte é sempre uma experiência trágica, seja-se crente ou ateu. Creio que ninguém pode seriamente antecipar como a viverá. Como escreveu Jorge de Sena “De morte natural nunca ninguém morreu / Não foi só para a morte que nós nascemos (…)”. Também assim penso.
O Manuel viveu, apesar disso, a sua vida durante a sua doença e a sua morte com grande serenidade e paz, procurando minimizar o sofrimento, através do recurso a cuidados paliativos. Percebia-se que acreditava efectivamente na ressurreição da carne e na vida eterna.
Lembrei-me a este propósito, da frase do Padre António Vieira, que acrescentou à repetida afirmação “homem lembra-te que és pó” a outra “pó lembra-te que és homem”.
Cada pessoa é um mistério, mas creio que o Manuel Frazão enfrentou a morte com serenidade, porque sabia quem era e se encontrava em paz consigo mesmo.
O Manuel Frazão era uma pessoa única e irrepetível, como cada um de nós, que nos trouxe uma presença, palavras e gestos que continuarão a inspirar-nos e a interrogar-nos, até nos reencontrarmos com ele, assim esperamos, no dia sem ocaso.