domingo, fevereiro 28, 2010

MANUEL ALEGRE - A CANDIDATURA NECESSÁRIA À PRESIDÊNCIA DA REPÚBLICA



Portugal vai ter de enfrentar grandes desafios nos próximos anos, resultantes da necessidade de criarmos condições para retomarmos o crescimento económico e o desenvolvimento, num quadro político difícil e no contexto de uma crise internacional, que não está ultrapassada.
A circunstância de não existir um governo com maioria parlamentar tem sido aproveitada pelas oposições para procurar bloquear a acção do governo através de alianças irresponsáveis e contra natura que visam obrigar o governo a tomar medidas com enorme impacto financeiro, que comprometem o saneamento financeiro.
São atitudes que têm sido denunciadas, por exemplo, por Rui Namorado no blogue O Grande Zoo aqui e aqui e por António Barreto na entrevista ao Expresso de 27 de Fevereiro de 2010, que vale a pena ler aqui.
Como refere Pedro Adão e Silva no blogue Léxico Familiar aqui, verificam-se sinais de crise sistémica a que temos de estar atentos, como podem ver aqui.
Neste contexto marcado por uma perigosa promiscuidade entre a justiça, a política e a comunicação social, com laivos de justicialismo e populismo, era preciso que tivéssemos um Presidente da República, que inspirando-se na Constituição fosse o catalisador das energias regeneradoras do País.
A situação é suficientemente complexa para exigir o contributo responsável de todos na prossecução do bem comum, sendo naturalmente de assacar maiores responsabilidades a todos os titulares de órgãos de soberania e a todos os que exercem poderes aos mais diversos níveis.
O folhetim das escutas de Belém e a comunicação ao País de Cavaco Silva, o seu silêncio perante os laivos de justicialismo e perante derivas parlamentares como a pretendida audição do Primeiro-Ministro na Assembleia da República, demonstram que temos um Presidente da República que não sabe ser inspirador e catalisador, que é parte dos problemas e não sabe ser parte das soluções.
Tudo isto torna cada vez mais necessário um Presidente da República que nos incite a vencer os desafios. Como referi aqui Manuel Alegre confia nos portugueses e no futuro de Portugal, e é capaz de definir a agenda política e de nos mobilizar para as batalhas necessárias para a concretizar.
É necessário ler na íntegra o discurso de Manuel Alegre em Coimbra aqui, de que destacamos:
Não me candidato para promover a queda de governos, nem para governar por interposta pessoa, mas para inspirar o cumprimento do projecto que está inscrito na Constituição: democracia política, democracia económica, democracia social. Mas também uma cidadania moderna alargada à multiplicidade de identidades, à inclusão, ao reconhecimento da participação política aos não nacionais, à não discriminação das pessoas com incapacidades, à protecção das pessoas em situação de dependência, aos novos direitos surgidos dos avanços científicos e tecnológicos, aos novos direitos emergentes, como o direito à segurança vital (água potável, energia, alimentação), bem como o direito à protecção do ambiente, à diversidade de orientação sexual e ao desenvolvimento pessoal.
Portugal está a viver um clima de suspeição, insinuação e crispação que contamina a saúde da República. Há que repor rapidamente a normalidade democrática, a cooperação institucional, o primado do interesse nacional sobre o excesso de tacticismo, de cálculo e de intriga política
”.
Precisamos de um Presidente que promova a mobilização dos cidadãos pelas ideias, pelo exemplo pelo projecto para Portugal. É necessário que o PS e todos os partidos de esquerda, movimentos de cidadãos se unam em torno da candidatura de Manuel Alegre, que pode conhecer melhor aqui.
Não podemos adiar a decisão. Os dados estão lançados. A alternativa é entre Manuel Alegre e Cavaco Silva.
Fernando Nobre tem feito um excelente trabalho na AMI, e é desejável que assim continue, mas não tem a experiência política necessária para esta função, nem ideias, nem projecto, que lhe permita unir os portugueses.
Como afirmou Manuel Alegre: “Vivemos um momento difícil, que deve ser enfrentado com palavras claras e uma atitude inspiradora”.
É urgente dar toda a força de que formos capazes à candidatura presidencial de Manuel Alegre.

terça-feira, fevereiro 16, 2010

AGENDA CULTURAL (35)

A Europa, os muros da repartição e as migrações
Para saber mais ler aqui
Alerta professor de Coimbra
Política europeia de migração vai agravar “precariedade da mão-de-obra”

domingo, fevereiro 07, 2010

OUVI DO VENTO DE MANUELA SILVA

Manuela Silva foi sempre uma economista comprometida com a erradicação da pobreza e da exclusão social, com a satisfação das necessidades básicas de todos os cidadãos e com a defesa da igualdade de direitos da mulher.
É também uma militante católica que foi, designadamente, presidente do CRC (Centro de Reflexão Cristã), presidente da Comissão Nacional Justiça e Paz e que é presidente vitalícia da Fundação Betânia, que pode conhecer melhor aqui
O livro Ouvi do Vento editado pela Pedra Angular reúne um conjunto de escritos do mês que Manuela Silva foi colocando no sítio da fundação Betânia de Maio de 2003 a 2009. Continuam a ser colocados novos escritos neste sítio, como este de Fevereiro de 2010 que pode ler aqui, continuando disponíveis em suporte informático, os que foram reunidos neste livro.
São textos de reflexão pessoal, que não perderam actualidade e animados “por um fio condutor em sintonia com os propósitos da Fundação Betânia” como refere Manuela Silva em jeito de apresentação.
O livro é um convite «ao recentramento no essencial, para que seja possível espreitar novos horizontes e decantar as perguntas que sempre assomam na nossa existência».
Percebe-se ao lê-lo, o que anima a persistente luta de toda a vida pela justiça e pela paz de Manuela Silva.
Mas o livro convoca-nos a que estejamos atentos a ouvir o vento.
O texto, intitulado Um modo de vida justo, tem como epigrafe uma frase de Dom Helder Câmara, incitando-nos a «colocar o ouvido no chão para escutar a realidade».
Como referiu Isabel Allegro de Magalhães, na inteligente apresentação que fez que podem ler aqui, intitulada “Aprendizagens do ouvido: o chão e o vento, à volta de Ouvi do Vento de Manuela Silva”, nalguns casos na Bíblia o vento surge como figura do Espírito de Deus.
É um livro a ler e a reler, por qualquer ordem, ou ao acaso, no metro, no autocarro ou no comboio, à espera numa fila, num intervalo de trabalho, numa mesa de café frente ao rio/mar, em qualquer circunstância em que possamos, por uns momentos pormo-nos à escuta do essencial.
Para quem vive apressado, pressionado pela urgência de transformar o mundo, é preciso dizer, que esta escuta a que Manuela Silva nos convida, não nos distrai do que estraga a vida das pessoas, as esmaga ou oprime, mas pelo contrário dá-nos uma nova energia para sermos “seres de protestação” na expressão de Leonardo Boff, cujo sentido, desenvolve num dos textos.
A vida, é contudo, muito mais que as nossas lutas por muito importantes que sejam, é necessário descobrirmos a vida que nasce do silêncio, a sabedoria de ir para além da ansiedade, a necessidade de ter centro em cada lugar e circunferência em lugar nenhum, porque somos seres de desejo e uma insaciável sede de infinito sede de infinito nos habita, para citarmos os títulos de alguns destes textos.
São escritos que nos tornam mais atentos ao quotidiano, que nos incitam «a perscrutar os sinais portadores de futuro que toda a realidade esconde, mesmo aquela que se apresenta mais sombria, como a doença, a morte, a falta de segurança afectiva ou a injustiça social».
Manuela Silva partindo de acontecimentos, de reflexões que cita em epígrafe, constrói um livrinho de meditações para usar a expressão com que Manuela Silva designa o livro de Bernard Feillet L’ arbre dans la mer.
As suas reflexões prolongam muitas vezes e entrelaçam-se com outras citadas em epígrafe ou no texto de Tolentino de Mendonça, João Sotomayor, Bernard Rey, João Paulo II, Bernard Feillet, Tauler, Frei Bento Domigues,O.P., Angelus Silesius, Thomas Merton, Jen-Yves Leloup, Paul Ricoeur, Leonardo Boff, António Machado, Arthur Simon, Joan Chittister, Anselm Grun, Rosinha Darcy de Oliveira, Bento XVI, António Ramos Rosa, Daniel Faria, Rita Wemans, Dom Helder Câmara, José Augusto Mourão, Suzanne Marineau, Chamalú, índio Quechucua, para além de João, Mateus, de Miqueias, de Efésios ou de outros textos bíblicos.
Espero que este livro seja lido, citado, comentado, meditado, mastigado como pão fresco, que nos ajuda a construir um modo de vida justo e a na crise descobrir raízes de futuro para citar o título de outros dos escritos, nele reunidos.

terça-feira, fevereiro 02, 2010

MORREU MANUEL SERRA (1931-2010)

Manuel Serra morreu no passado domingo, vítima de um linfoma, com 78 anos.
Formado na escola da JOC (Juventude Operária Católica) opôs-se ao salazarismo, participou em revoltas armadas, e esteve preso durante muito tempo.
Recomenda-se a leitura da sua biografia feita com rigor por Joana Lopes no blogue Entre As Brumas da Memória, que podem ler aqui.
Conheci-o em grupos católicos e no Partido Socialista logo a seguir ao 25 de Abril. Liderava então um grupo autónomo, o Movimento Socialista Popular.
No Congresso de 1974 discordou da orientação para o Partido Socialista defendida por Mário Soares e Salgado Zenha, tendo sido derrotado com a intervenção activa de Manuel Alegre, que aderiu nessa altura ao Partido Socialista.
Veio a abandonar o Partido Socialista para fundar a FSP (Frente Socialista Popular). Apoiaria mais tarde a candidatura de Otelo a Presidente da República e viria a ser um dos fundadores da FUP (Frente de Unidade Popular).
Colaborou no livro Por teu livre pensamento. Histórias de 25 ex-presos políticos portugueses, Assírio & Alvim, cuja leitura se recomenda vivamente.
Tendo lamentado a sua ruptura com o Partido Socialista e o trajecto político posterior não posso deixar de recordar o homem generoso, profundamente marcado pela JOC.
Manuel Alegre recordou-o, com justiça, como "como grande figura de resistência ao fascismo, socialista de inspiração cristã, um homem romântico e corajoso”.
O corpo de Manuel Serra encontra-se na Igreja de Arroios, em Lisboa.
Amanhã, quarta-feira, pelas 14h30 será rezada missa de corpo presente e o funeral seguirá para o cemitério dos Olivais.
Que repouse em paz no dia sem ocaso.