MODERNIZAR A ESQUERDA, COMEMORAR A LIBERDADE
Foi assim possível um encontro
entre cidadãos com trajetos políticos muito diferentes, entre os quais alguns
socialistas, que decidiram comemorar a liberdade contribuindo para a
modernização da esquerda.
Foi um momento de convergência a
que se seguiram percursos diferentes.
Considero que não devemos
esquecer esse momento, e por isso divulgo, o manifesto e os seus subscritores
deixando uma palavra de profunda mágoa e saudade para todos os que já morreram.
Eis o texto e a lista de todos os
que o subscreveram.
“Vinte e cinco cidadãos genericamente oriundos da esquerda radical
decidiram comemorar o 25 de Abril de maneira diferente. E a diferença
consistirá em não reduzir o festejo à glorificação acrítica do que foi feito -
mas em aproveitar a data, para questionar a própria cultura política da esquerda
tradicional, os seus mitos e os seus fantasmas, pensando novos caminhos para
modernizar o País.
Para nós, festejar o 25 de Abril não é subscrever os tradicionais
cheques em branco a favor das 2conquistas irreversíveis da revolução”. È
essencialmente celebrar a democracia política e a liberdade. Comemorar o fim do
colonialismo e do regime corporativo que o promoveu. É festejar a consagração
da cidadania e dos direitos dos trabalhadores, é festejar a dinâmica da
liberalização de costumes, da emancipação das mulheres e dos jovens, da despenalização
do sexo e do prazer. É festejar o despontar da modernidade na sociedade
portuguesa.
Festejar o 25 de Abril será também questionar valores tradicionalmente
associados à esquerda, confrontá-los com os resultados efectivamente alcançados
e com as realidades de um mundo em acelerada mutação.
Com este duplo objectivo de festejo - debate, e promovemos no próximo
dia 25 de Abril uma iniciativa pública no Restaurante da Doca Marítima de
Alcântara: pelas 12 horas inicia-se um debate aberto a que se seguirá um
jantar-festa.(…).”.
O texto definia desde logo os
termos do debate e as questões a que se deveria responder, concluindo-se:
“ Naturalmente como pano de fundo de todos estes problemas (e de outros
que poderão obviamente surgir) encontra-se uma das questões centrais para os
que se reivindicam uma cultura de esquerda moderna e anti-totalitária, ou seja,
a questão das relações entre o Estado democrático e a sociedade civil, entre a
intervenção estatal e a liberdade individual, entre a protecção social e a
iniciativa de cada um”.
Terminava “ Sob o signo da liberdade vamos festejar o 25 de Abril e desafiar o
futuro”.
Subscreveram: Acácio Barreiros
(dputado), Afonso de Barros (prof. universitário), Agostinho Roseta (func.
público) Alberto Teixeira Ribeiro (sociólogo), António Bento (engenheiro),
António Carriço (engenheiro), António Corvelo (jurista), António Costa Pinto
(assistente universitário), Armando Castro (prof. universitário), edgar Rocha
(economista), Eurico Figueiredo (prof. universitário), Fernando Ribeiro Mendes
(assistente universitário), Ferro Rodrigues (economista), João Carlos Espada (jornalista), João Faria (economista), João ferreira de Sousa (prof.
universitário), Joffre Justino (economista), José Leitão (deputado), José Luís
Saldanha Sanches (assistente universitário), José Manuel Félix Ribeiro
(economista), José Pacheco Pereira (historiador), Luís Borges (emp.
escritório), Manuel Vilaverde Cabral (prof. unversitário), Ramiro da Costa
(istoriador) Teresa de Sousa( jornalista)
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